O arquipélago dos Bijagós é uma das últimas jóias de África, chamam-lhe, em crioulo, “bemba di vida” (o celeiro da vida, em português).
É fácil perceber porquê. As suas 88 ilhas são reservatórios de biodiversidade de importância mundial e servem de maternidade para espécies em risco de extinção. Nos cerca de quarenta mil hectares de mangais, passeiam aves provenientes do outro lado do mundo, crocodilos, uma colónia única de hipopótamos marinhos e a maior população de manatins da África Ocidental.
É um reduto de vida selvagem em estado puro.
Nos mangais da ilha de Orango, vive a única colónia conhecida de hipopótamos marinhos, sagrados para os bijagós. Na estação seca, passam o dia nas lagoas de água doce e no crepúsculo dirigem-se ao mar para se libertarem de parasitas.
Todos os anos milhares de fêmeas de tartarugas verdes vão pôr os ovos nas praias da ilha de Poilão, que é hoje o principal ponto de desova em toda a África Ocidental para a espécie em vias de extinção. As crias tentam depois chegar ao mar para vingar a viagem das progenitoras.
A biodiversidade identificada no arquipélago constitui uma lista respeitável: 471 espécies de plantas, 283 de aves, 29 de mamíferos, 13 de anfíbios e 31 de répteis, às quais se juntam 155 espécies de peixes.
Estes números levaram a UNESCO a atribuir ao arquipélago o estatuto de Reserva da Biosfera em 1996.
Em 2014, as ilhas foram designadas como sítio RAMSAR (Zonas Húmidas com interesse internacional para as aves aquáticas) por estarem na rota migratória de 31 espécies de aves limícolas, para as quais este é o segundo local mais importante da África Ocidental, a seguir ao Banco de Arguim, na Mauritânia.
A natureza nas ilhas oferece-nos ainda hoje uma imagem da maior pureza e encantamento.
A população e as várias entidades do país agradecem a sua colaboração para ajudar neste esforço de preservação e assim conservar este paraíso para as futuras gerações. Obrigado.